“Maternidade tem cor?” reúne relatos impactantes em livro de cientista social
A discriminação racial está em todo lugar e a maternidade não é uma exceção. Resultado da sua pesquisa antropológica de mestrado, a cientista social e professora Luara Paula Vieira Baia lança o livro “Maternidade tem cor?”, pela editora Appris. O trabalho apresenta um olhar singular para a maternidade da mulher negra, um tema pouco explorado nos estudos de gênero no Brasil, com questionamentos sobre a visão da sociedade e também depoimentos de seis mulheres que vivem essa experiência.
Um dos destaque do livro é a preocupação das mães com a criação dos filhos no sentido de blindá-los do racismo e seus efeitos, bem como a garantia de poder assegurar uma vida segura a eles, tanto material quanto emocional. “Ser mãe negra passa especialmente por reflexões sobre isso e pela tentativa de ‘evitar’ essas situações. A apreensão com o racismo que os filhos possivelmente sofrerão foi algo unânime nos depoimentos. Todas elas, em alguma medida, desde que souberam que seriam mães tiveram essa preocupação como questão”, conta Luara.
Um mito racista muito propagado no Brasil é que as mulheres negras são mais fortes, aguentam mais a dor e que são boas parideiras. Isso reflete no atendimento de mulheres negras grávidas no sistema de saúde. Segundo pesquisa da Fiocruz, mulheres negras possuem maior risco de ter um pré-natal inadequado, realizando menos consultas do que o indicado pelo Ministério da Saúde; têm maior peregrinação entre maternidades, buscando mais de um hospital no momento de internação para o parto; e são as que menos recebem anestesia e menos atenção médica no momento do parto, o que também é uma violência.
Questionada sobre como chegou a este tema, a autora explica: “O universo da maternidade sempre me despertou curiosidade, antes como filha, depois como pesquisadora. Sempre tive curiosidade porque observo e, especialmente, comparo muito minha relação com a minha mãe e as demais relações, ao passo que fui me aproximando da academia fui desmistificando um pouco esse papel social e foi surgindo o interesse no estudo sobre isso”, explica a autora, de 30 anos. Ela acredita que “Maternidade tem cor?” também traz reflexões mais concretas e menos romantizadas sobre o desafio que é a maternidade, a criação de filhos e como o marcador racial traz questões específicas para esse desafio que é a maternidade, que assim como ela, ainda não tem filhos.
O conteúdo do livro é bastante singular a respeito das implicações do marcador racial na experiência materna e a leitura torna-se uma interessante oportunidade para todos que se interessam pelas questões de gênero e raça no Brasil.
Link para compra: www.editoraappris.com.br/
Sobre a autora: Mestra e graduada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Luara Paula Vieira Baia é professora de Sociologia na Rede Básica de Ensino e concentra estudos nas áreas de raça, gênero e maternidade.
Sobre a Editora Appris: Esta obra foi publicada pela Editora Appris, a maior editora 80/20 do Brasil, sediada na cidade de Curitiba, Paraná. Com aproximadamente onze anos de existência, a Appris atua no ramo de publicação de obras técnicas e científicas nas mais variadas áreas do conhecimento. Com a experiência de seus editores, que estão há mais de 29 anos no mercado editorial, a Appris possui um catálogo com mais de 5 mil obras publicadas e que continua a crescer com uma média de 80 lançamentos por mês.